Crônica: Aquele temporal que se avizinha

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Por: Sérgio Sant’Anna*

Um temporal se avizinha. Nuvens grossas, densas dominadas pelo plúmbleo espalham-se pelo céu que até pouco tempo era azul sem vento. Um calor que chegara aos 36ºC, porém com sensação de 45ºC. Insuportável. Sem ventilador que quebrara no dia anterior. Alguns banhos tomados, pois detesto o suor que escorre pelo corpo formando uma espécie de cola. Lá fora os vizinhos comentam que a chuva fora prometida pela previsão do tempo anunciada pela filial da Rede Globo em Santa Catarina (NSC), todavia só acreditarei quando os primeiros e numerosos pingos começarem a jorrar do céu. Portanto, a minha premissa é apenas acreditar na previsão de Ana Terra do Érico Veríssimo ou na competência geográfica apresentada pelo meu falecido avô Francisco.

Na praia, aqui perto, em Laguna e Jaguaruna, alguns em Imbituba e Garopaba, amigos refrescam-se com o salgado do mar, águas que fortalecem, rejuvenescem e tornam-lhes aptos a enfrentar o dia a dia que chegará com tudo neste ano com poucos feriados. Outros desfrutam dos blocos, trios e cordões (ainda existem) dispostos aos foliões. Um mar de centenas de milhares de pessoas dispostas a manter a tradição. Parece-me que os velhos carnavais, regados às marchinhas ainda são acessíveis a qualquer folião que deseja brincar sem excessos. Ao final de 2023 estive em Taquaritinga, passei por São Paulo para visitar alguns amigos que a vida me trouxe ao longo desta minha caminhada profissional e pessoal, contudo na Cidade Pérola foi que depositei minha âncora. Infelizmente não pude estender minhas férias até o Carnaval (era um desejo), todavia o nobre ofício de ser professor rendeu-me férias que completara pouco mais de um mês. E, hoje, aqui, das telas do meu notebook, escrevendo mais uma crônica, acompanhado por um cerveja estupidamente gelada, vejo que o turismo carnavalesco deveria ser melhor explorado pelo município onde nasci. Pois, uma cidade que tem sua população duplicada neste período da Festa de Momo não pode apenas restringir-se ao bairrismo, comum pelo Sul do País, beneficiando apenas seus moradores. Taquaritinga sempre foi uma cidade hospitaleira, dona de um povo acolhedor, e jamais poderá se furtar de aproveitar esta oportunidade que a transforma no maior carnaval popular do Estado de São Paulo. Uma cidade que há décadas conta com um trio elétrico fenomenal, com blocos e escolas de samba tradicionais que reúnem foliões vindos dos mais distantes cantos do País, além da tradicional “Jardineira da tarde”, que leva as famílias às ruas, não pode apenas contar com o lucro daqueles que residem na antiga capital do tomate.

O Carnaval é folia. Entretanto, cada qual aproveita como quiser. Gosto da praia, adoro a muvuca do carnaval urbano, todavia, hoje, o que mais tem me fisgado, principalmente morando aqui no Sul há quase 20 anos, é o sossego. A calmaria. O silêncio despertado pela leitura, ancorado à cama, mesa e banho (não o do mar). Que este ano, que começará (quando esta crônica for publicada este verbo “começar” estará no pretérito) na Quarta-Feira de Cinzas seja abençoado. E que seus desejos e sonhos sejam contemplados. Acredite!

*Sérgio Sant’Anna é Professor de Redação no Poliedro, Professor de Literatura no Colégio Adventista e Professor de Língua Portuguesa no Anglo.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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